- Em 1581 foi decidido pelo Capítulo Geral da Congregação Lusitana com Sede no Mosteiro de São Martinho de Tibães, Portugal a fundação do Mosteiro da Bahia no Brasil.
- Pela Páscoa do ano de 1582 com a vinda dos monges foi fundado o Mosteiro de São Bento na cidade do São Salvador na Bahia – Brasil, tendo como seu primeiro superior o Muito Reverendo Padre Abade Frei Antônio (Florêncio) Ventura.
- A 13 de outubro de 1584 o Mosteiro foi erigido em Abadia (primeira Abadia em toda a América).
13 DE DEZEMBRO
O primeiro monge que faleceu neste Mosteiro foi o seu fundador, o Muito Reverendo Padre Pregador, FREI ANTONIO VENTURA. A vida e a morte deste primeiro Prelado e fundador deste Mosteiro eram dignas de uma pena, que com vivas expressões soubesse representar à posteridade as heroicas ações de seu zelo, de seu trabalho e de seu desvelo.
Em idade avançada se achava este perfeito religioso quando lhe deram a notícia de que ele fora nomeado para a fundação da religião beneditina nos estados do Brasil. Não deixaram de se lhe apresentar as dificuldades do emprego, porém ele fiado nos acertos da obediência, sem repugnância se encarregou dos trabalhos que sabia que o esperava por mar e por terra. Vencidos os primeiros e chegando a essa terra, tomou posse das casas e capelas que lhe foram entregues. Elegeu por seu Prior o Padre Frei Antônio Ferraz e presentes os demais religiosos lhes apresentou a importância do negócio a que vieram e o trabalho de que estavam encarregados, como era o de fundar um convento; que eles tinham achado pela mercê do mesmo Senhor as vontades dos moradores e agora de sua parte lhes podia empenhar-se com todas as forças, primeiramente no serviço de Deus e depois no trabalho da religião, para o qual estavam destinados, e finalmente lhes advertia tanto das esmolas para fundar o Mosteiro, como do patrimônio para a sustentação dos monges.
Estes e outros paternais avisos e suaves conselhos receberam os súditos com as lágrimas nos olhos e com o respeito devido a um Prelado cheio de zelo da honra de Deus e adiantamento da sua religião. Mandou dar princípio à obra com tanto fervor, que logo deu a conhecer Deus, dentro e fora do Mosteiro, que o adotara de valor e disposição para as causas grandes.
Já entre os monges não se fala mais de descanso, todos trabalham, todos desvelam, nenhum se isenta, estão prontos para tudo. Como a obra corria por conta de Deus, em breve tempo se viu com grandes aumentos de sorte que o fundador em seus dias chegou a ver o convento quase pronto e completo, e com patrimônio suficiente para aumentar os religiosos que bastassem para cumprir com as obrigações do coro e outros atos da comunidade.
Divulgada a fama pelas partes do Brasil, que nesse tempo estavam descobertas do muito que se empregavam aqueles perfeitos religiosos nos divinos louvores, de dia e de noite, como também a grande aceitação com que estavam na opinião de todos, adquiridas não pelos caminhos da lisonja mas sim pelos exercícios das virtudes, os moradores da cidade do Rio de Janeiro solicitaram do Muito Reverendo Padre Fundador que lhes mandassem monges para nela levantarem um Mosteiro, para o qual queriam concorrer com o necessário para lhe dar princípio. Ele, condescendendo com os seus louváveis desejos, lhes mandou aqueles dois exemplares da paciência, o Padre Frei Pedro Ferraz, que era seu Prior, e o Padre Frei João Porcalho por seu companheiro, os quais partiram deste Mosteiro na opinião mais bem fundada no fim do ano de 1586. Naquelas terras, onde primeiro que eles tinha chegado a notícia de suas virtudes, desempenharam com o acerto das disposições e com a exemplaridade de suas vidas tudo o que se esperava de sua perfeita observância.
Passados sete anos e alguns meses em contínuo trabalho de dia e de noite, depois de deixar fundado um mosteiro estabelecido com patrimônio suficiente para a sua conservação, destituído já de forças para a vida laboriosa, entrou a preparar-se para a morte, que todos os dias esperava. Foi nele aumentando uma moléstia que padecia e desenganado de estarem completos os seus dias, mandou chamar os religiosos e fazendo uma prática em que lhes advertia como Prelado e os avisava como pai a que fossem perfeitos. Se despediu de todos com muitas lágrimas e eles com muitas mais, por se verem privados da companhia de um Prelado que por mar e por terra sempre os tratava com amizade e amor de pai. Entregou ao seu Prior, Frei Plácido da Esperança, o governo da casa e dispondo-se com muitos atos de piedade e amor de Deus, falecendo com a graça dos sacramentos. Pôs termo a sua peregrinação, deixando-nos o exemplo de sua ajustada vida como um a certado ditame para conseguirmos a perfeição religiosa. Faleceu em 13 de dezembro de 1591.
Governou três anos como Abade e três como Presidente, por falecimento de seu sucessor, o Muito Reverendo Padre Frei Luiz do Espirito Santo, que morreu vindo embarcado para esta terra. Na pedra de sua sepultura se descobrem as letras do seu nome, na porta da sacristia, onde foi enterrado com as honras devidas ao se lugar e pessoa. (DB – 001).
Lápide tumular do fundador do Mosteiro de São Bento da Bahia ao lado da porta da sala capitular do Mosteiro.
Altar mor da basílica do Mosteiro, antes e atualmente.
Claustro do Mosteiro
Uma visão do Mosteiro da Avenida Sete de Setembro.
Uma visão panorâmica do Mosteiro e parte da Baía de Todos os Santos.
REFERÊNCIAS
DIETÁRIO dos monges que faleceram no Arquicenóbio da Bahia. Unificado – primeira impressão (vol. 31 da memória da comunidade). Salvador – Bahia, MMVI
Ut In Omnibus Glorificetur Deus (RB 57, 9)
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